quinta-feira, 9 de março de 2017

Para onde vão os guarda-chuvas de Afonso Cruz

Afonso Cruz é um autor português que já tem várias obras editadas. Eu já li várias. Mas aquela que me deixou rendida foi este "Para onde vão os guarda-chuvas". O autor tem uma escrita muito peculiar. Diferente, eclética e reflexiva. 

"No worry, no hurry, chicken curry."

Alguns dos meus Fragmentos Persas favoritos do livro:


"Um homem quando aprende não fica a saber mais. Mas fica a ignorar menos."


"O mal é que os homens fazem as coisas erradas corretamente e as coisas certas erradamente.


"A única pessoa rica é aquela que continua rica depois de perder tudo."


"O Bem e o Mal são um nó que a razão jamais saberá desatar."


"O infiel, à medida que envelhece, vai encurtando o seu futuro, aumentando o seu passado, e chega ao dia da sua morte cheio de ontens e sem depois. Depois é o nada. O futuro daquele que não crê em Nós será o seu passado. Mas ao crente acontece precisamente o inverso: à medida que envelhece vai tendo mais futuro, à medida que envelhece, aproxima-se cada vez mais da eternidade."


"O passado é aquilo que conseguimos fazer do futuro."


"Disse Ali: A bondade é um cego a segurar uma lâmpada. Não lhe serve de nada, mas ilumina o caminho aos outros."

E o final do livro? É qualquer coisa de muito bom. Leiam que não se vão arrepender!

Sinopse: O pano de fundo deste romance é um Oriente efabulado, baseado no que pensamos que foi o seu passado e acreditamos ser o seu presente, com tudo o que esse Oriente tem de mágico, de diferente e de perverso. Conta a história de um homem que ambiciona ser invisível, de uma criança que gostaria de voar como um avião, de uma mulher que quer casar com um homem de olhos azuis, de um poeta profundamente mudo, de um general russo que é uma espécie de galo de luta, de uma mulher cujos cabelos fogem de uma gaiola, de um indiano apaixonado e de um rapaz que tem o universo inteiro dentro da boca.Um magnífico romance que abre com uma história ilustrada para crianças que já não acreditam no Pai Natal e se desdobra numa sublime tapeçaria de vidas, tecida com os fios e as cores das coisas que encontramos, perdemos e esperamos reencontrar. Excerto:«– A minha mãe, Sr. Elahi, interrogava-se para onde vão os guarda-chuvas. Sempre que ela saía à rua, perdia um. E durante toda a sua vida nunca encontrou nenhum. Para onde iriam os guarda-chuvas? Eu ouvia-a interrogar-se tantas vezes, que aquele mistério, tão insondável, teria de ser explicado. Quando era jovem pensei que haveria um país, talvez um monte sagrado, para onde iam os guarda-chuvas todos. E os pares perdidos de meias e de luvas. E a nossa infância e os nossos antepassados. E também os brinquedos de lata com que brincávamos. E os nossos amigos que desapareceram debaixo das bombas. Haveriam de estar todos num país distante, cheio de objectos perdidos. Então, nessa altura da minha vida, era ainda um adolescente, decidi ser padre. Precisava de saber para onde vão os guarda-chuvas.– E já sabe? – perguntou Fazal Elahi.– Não faço a mais pequena ideia, mas tenho fé de encontrar um dia a minha mãe, cheia de guarda-chuvas à sua volta.»

Sem comentários:

Enviar um comentário